Perdia por 2 a 0 no intervalo, parecia sem saída e, ainda assim, o Barcelona arrancou uma virada por 3 a 2 sobre o Levante nos acréscimos, em 23 de agosto de 2025, pela 2ª rodada da LaLiga. Foi o segundo triunfo seguido dos atuais campeões e um recado claro: a equipe mantém a pegada da última temporada.
O primeiro tempo escancarou o ponto fraco do Barcelona na noite: a linha defensiva alta, mal sincronizada, virou convite para bolas longas e diagonais nas costas. O Levante leu bem o jogo, atacou o espaço com velocidade e construiu uma vantagem de dois gols, explorando transições rápidas e finalizações precisas. Faltou cobertura, faltou pressão coordenada na origem das jogadas, e o time catalão pagou o preço.
Na volta do intervalo, a chave virou. O Barcelona acelerou a circulação de bola, abriu o campo e forçou o Levante a defender mais baixo. Com amplitude pelos lados e aproximações por dentro, o time encontrou o ritmo que não teve nos 45 minutos iniciais. A equipe passou a recuperar a bola mais perto da área rival e, com isso, empilhou cruzamentos, infiltrações e jogadas de ultrapassagem.
O gol que reacendeu a partida saiu dos pés de Pedri. Ele apareceu livre na zona de criação, tabelou curto e bateu rasteiro, tirando do goleiro. O meio-campista, que vinha se aproximando mais da área, foi a faísca que mudou o ambiente. Minutos depois, Ferran Torres empatou. O atacante atacou o primeiro pau em jogada rápida pelo lado e finalizou de primeira, recompensa para quem insistiu em se desmarcar entre zagueiros e laterais.
O Levante tentou respirar com posse mais longa e faltas táticas, mas a pressão voltou a aumentar perto do fim. Já nos acréscimos, Lamine Yamal recebeu aberto, encarou a marcação e cruzou com precisão. Na tentativa de cortar, Unai Elgezabal desviou contra o próprio gol. O 3 a 2 coroou a insistência e a paciência do Barça em martelar o lado fraco do adversário até a última bola.
O roteiro teve de tudo: falhas corrigidas em tempo, jovens assumindo protagonismo e um final dramático. O detalhe tático decisivo foi claro: amplitude constante para atrair o Levante ao corredor lateral e, dali, acionar o corredor central com gente infiltrando. Funcionou porque houve volume e repetição.
A vitória vale mais do que três pontos logo no começo. Mostra que o Barcelona mantém a cabeça fria sob pressão e consegue ajustar o plano no vestiário. Em dias ruins defensivamente, voltar ao básico ofensivo — largura, triangulações curtas e presença na área — ainda resolve. Para quem defende título, isso pesa.
Do jogo, três sinais chamam atenção. Primeiro, a liderança técnica de Pedri em momentos de aperto: pediu a bola, acelerou quando precisava e achou espaços entre linhas. Segundo, Ferran Torres com leitura de área e finalização rápida, algo que muda placares quando o time empurra o adversário para trás. Terceiro, Lamine Yamal como ponto de desequilíbrio: criatividade, coragem no um contra um e o cruzamento que decidiu tudo nos acréscimos.
O Levante, por sua vez, mostrou um plano bem desenhado para ferir a linha alta, com atacantes atacando o espaço e meias lançando de primeira. A equipe perdeu o controle quando recuou demais e deixou a bola com o Barcelona perto da área. Faltou saída para desafogar o bombardeio de cruzamentos e infiltrações no segundo tempo.
Para o Barcelona, fica a lição de que a proteção da última linha precisa de ajustes finos: temporização melhor do volante na primeira pressão, zagueiros atentos à bola nas costas e lateral do lado oposto encurtando por dentro quando a jogada sobe. Corrigir isso cedo evita noites longas contra adversários que apostam na transição.
Também pesou a gestão emocional. Mesmo com 0 a 2, o time não virou refém do desespero. Seguiu o plano, empurrou o Levante para o próprio campo e confiou no volume de jogo. A sequência de ataques não deu respiro e abriu caminho para virada que, em outro cenário, poderia morrer no empate.
Em termos de tabela, é começo perfeito: duas vitórias em dois jogos e a defesa de um título recente que foi o 28º do clube na competição. Além dos pontos, há o efeito simbólico. Ganhar virando fora de casa, com jovens decisivos, cria confiança para o que vem nas próximas rodadas.
Alguns destaques ajudam a resumir a noite:
A virada por 3 a 2 não resolve tudo, mas entrega um norte: quando o Barcelona aumenta o ritmo e ocupa bem a área, a produção ofensiva aparece. Se a casa de trás se alinhar melhor, o pacote fica mais completo. Por ora, a mensagem é simples: o campeão voltou a competir com cara de campeão.