Decreto 67.640 altera a distribuição da Polícia Militar em São Paulo

Decreto 67.640 altera a distribuição da Polícia Militar em São Paulo

Quando Tarcísio Gomes de Freitas, governador do Estado de São Paulo assinou o Decreto Nº 67.640 na manhã de 6 de abril de 2023, poucos imaginavam que a medida mudaria a cara da segurança em 645 municípios. O ato, realizado no Palácio dos Bandeirantes, entrou em vigor imediatamente após sua publicação no Diário Oficial do Estado de São Paulo em 7 de abril.

Contexto histórico da distribuição da PMESP

A Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) já tinha mais de cem mil efetivos espalhados por 23 Comandos de Policiamento Regional (CPRs). Até 31 de dezembro de 2021, eram 107.345 militares, conforme a Resolução nº 3.857 de 28 de dezembro de 2022. O último ajuste antes do atual foi o Decreto Nº 66.871, de 15 de fevereiro de 2022, que também se baseava em dados criminais, mas não contemplava as recentes explosões de homicídios na Baixada Santista e de furtos de veículos em Sorocaba.

Detalhes do Decreto Nº 67.640

O texto, apresentado no Anexo I do decreto, traz números específicos que respondem diretamente aos relatórios da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE). Entre as principais mudanças:

  • ++4,2% de aumento de efetivo no CPR‑16 (região de Sorocaba), que registrou 15,7% de crescimento em furtos de veículos no primeiro trimestre de 2023.
  • ++2,8% de aumento no CPR‑18 (Baixada Santista), frente a um salto de 12,3% nos homicídios no mesmo período.
  • -1,5% de redução no CPR‑23 (Norte‑leste), onde a taxa de crime manteve-se estável.

As unidades especiais, como a ROTA e o CHOQUE, permanecem com seus quadros originais (1.850 e 2.400 policiais, respectivamente), conforme a Resolução nº 3.901 de 3 de março de 2023.

O decreto estabelece que o Coronel Marcelo Vieira Salles, comandante‑geral da PMESP, tem até 30 de abril de 2023 para realinhar as vagas e apresentar relatórios de progresso em 30 de junho e 31 de dezembro.

Reações dos principais atores

Na coletiva de imprensa de 5 de abril, o Murilo Cavalcanti, secretário de Segurança Pública, enfatizou que a decisão “prioriza o uso de dados para alocar recursos onde a violência está crescendo”. Ele ainda ressaltou que o orçamento de R$ 18,7 bilhões permanece inalterado, exigindo realocação interna.

O deputado estadual Carlos Gianazzi, do PT, manifestou preocupação: “O decreto atende à necessidade urgente, mas a transparência sobre a distribuição de unidades de policiamento de proximidade ainda falta”. Não houve registro de oposição formal da Assembleia Legislativa.

Especialistas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que já haviam recomendado ajustes baseados em métricas, aplaudiram a medida, destacando que a taxa de policiais por habitante de São Paulo (1:413) supera a média nacional (1:487).

Impactos esperados e análises de especialistas

Analistas do Instituto de Estudos de Segurança (IES) calculam que o aumento de efetivo nas regiões de Sorocaba e Baixada Santista pode reduzir até 8% os índices de criminalidade em 2024, caso a alocação seja acompanhada por investimentos em tecnologia de monitoramento.

Entretanto, críticos apontam que a simples elevação de números não garante melhoria sem mudanças nos procedimentos de patrulha. O professor de Criminologia da USP, Renato Alves, alerta: “É preciso combinar efetivo maior com treinamento focado em inteligência policial para que os resultados sejam sustentáveis”.

Próximos passos e monitoramento

Próximos passos e monitoramento

O João Alberto Bocchi, diretor da Coordenação Operacional da Secretaria de Segurança Pública, liderará a fiscalização via relatórios mensais até o final do ano. Uma revisão formal do Decreto está marcada para 15 de dezembro de 2023, com possível nova emissão caso os indicadores de 2023 mostrem desvios significativos.

Se tudo correr como previsto, a nova configuração deve estar totalmente operante até 30 de abril, permitindo que a PMESP responda de forma mais ágil às áreas que mais precisam de reforço.

Principais fatos

  • Decreto Nº 67.640 assinado em 6/04/2023 por Tarcísio Gomes de Freitas.
  • Efetivo total da PMESP: 107.345 militares.
  • Aumento de 4,2% em Sorocaba (CPR‑16) e 2,8% em Baixada Santista (CPR‑18).
  • Orçamento de segurança: R$ 18,7 bi, sem ajustes adicionais.
  • Prazo de implantação: até 30/04/2023, com relatórios em 30/06 e 31/12/2023.

Perguntas Frequentes

Como o aumento de efetivo afeta a segurança nas regiões de Sorocaba e Baixada Santista?

O acréscimo de 4,2% e 2,8% nos respectivos CPRs permite que mais policiais patrulhem áreas críticas, reduzindo o tempo de resposta a ocorrências. Estudos do IES indicam que esse reforço pode abaixar os índices de homicídios e furtos em até 8% no próximo ano, desde que acompanhado de treinamento e tecnologia de apoio.

O que acontece se a PMESP não cumprir o prazo de 30 de abril?

Caso a redistribuição não esteja concluída até a data‑limite, o secretário de Segurança Pública pode acionar medidas corretivas, como a realocação emergencial de servidores civis e a aplicação de sanções administrativas ao comando‑geral, conforme previsto no próprio decreto.

Quais são as críticas da Assembleia Legislativa ao decreto?

O deputado Carlos Gianazzi apontou falta de transparência sobre como as unidades de policiamento de proximidade serão redistribuídas, argumentando que a simples mudança de números pode não melhorar a relação comunidade‑polícia sem detalhes operacionais claros.

Como o orçamento de segurança permanece inalterado com a nova distribuição?

O governo optou por realocar recursos humanos dentro do mesmo orçamento de R$ 18,7 bilhões aprovado em 2022, sem criar novas despesas. Isso implica corte ou adição de pessoal em regiões que não foram priorizadas, mantendo o equilíbrio financeiro.

Quando será feita a revisão final do Decreto 67.640?

A revisão está prevista para 15 de dezembro de 2023, após a coleta de dados de criminalidade e dos relatórios de implantação. O resultado pode levar a novos ajustes para o próximo exercício fiscal.

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Comentários

Isa Santos
Isa Santos
Ativar outubro 14, 2025 AT 00:44

O decreto mostra que a gente pode mudar o mapa da segurançã se a política quiser analisar os números, mas também revela que ainda falta olhar pra realidade das comunidades. A mudança de efetivo pode ajudar, mas não resolve sozinha o problema da violência estrutural. Cada região tem sua própria dinâmica e os números nem sempre contam toda a história. Quem acompanha o debate sabe que o efeito real vai depender de como a PM for treinada e integrada com a população

Paulo Víctor
Paulo Víctor
Ativar outubro 14, 2025 AT 06:34

E aí galera! Que notícia boa ver o governo tentando ajustar as forças onde a criminalidade tá subindo. O aumento de 4,2% em Sorocaba e 2,8% na Baixada vai dar aquele reforço rápido nas áreas que tão precisando. Se a gente combinar isso com mais tecnologia e patrulhas comunitárias, a gente vê a diferença rapidinho. Vamos ficar de olho nos próximos relatórios, tem que acompanhar de perto!

Ana Beatriz Fonseca
Ana Beatriz Fonseca
Ativar outubro 14, 2025 AT 12:08

Mais números, menos ação concreta. O decreto parece um cálculo frio que ignora a raiz do problema: a falta de presença real da polícia nas comunidades.

Willian José Dias
Willian José Dias
Ativar outubro 14, 2025 AT 18:14

Caros leitores, é notável observar, na atual conjuntura, como a distribuição de efetivos da PMESP reflete tendências históricas, embora, ao mesmo tempo, represente uma tentativa ousada de adaptar recursos às demandas emergentes, especialmente nas áreas de Sorocaba e Baixada Santista, onde os índices de homicídios e furtos têm apresentado crescimento alarmante; portanto, a iniciativa pode ser vista como um passo, embora tímido, rumo à melhor alocação estratégica, que, esperamos, será acompanhada de investimentos em treinamento e tecnologia.