Em uma decisão histórica e polêmica, o Senado do México aprovou em 11 de setembro de 2024, uma reforma constitucional que estabelece a eleição popular de todos os juízes no país. Este movimento faz do México o primeiro país do mundo a implementar tal sistema para o judiciário, e foi promovido pelo presidente Andrés Manuel López Obrador. A reforma foi aprovada com 86 votos a favor e 41 contrários, mesmo em meio a uma forte oposição e tumultos significativos.
A votação foi realizada em uma sessão alternativa, após o edifício do Senado ter sido invadido por centenas de manifestantes, resultando na suspensão do debate. O presidente do Senado, Gerardo Fernández Noroña, decidiu declarar um recesso indefinido antes de convocar uma nova sessão em uma localização diferente para que a votação pudesse prosseguir. A reforma judicial gerou profundas discussões sobre a independência do sistema judiciário e o impacto potencial na economia do país.
Críticos da reforma expressam temores de que a adoção da eleição popular para juízes resultará na politização do judiciário, comprometendo a sua independência crucial. Detalhes específicos sobre como as campanhas para esses cargos seriam financiadas e regulamentadas ainda são escassos, levantando preocupações sobre a integridade e imparcialidade do processo. A medida também afeta diretamente a Suprema Corte, aumentando o teor do debate.
A reforma contou com o apoio do presidente López Obrador e de seu partido, Morena, além de seus aliados. Este movimento faz parte de uma agenda mais ampla de reformas propostas pelo presidente, que visa reestruturar diversas áreas do governo e do sistema judicial. No entanto, a oposição de partidos e representantes tem sido feroz, com muitos alegando que a reforma servirá apenas para concentrar mais poder nas mãos de López Obrador e desestabilizar o equilíbrio dos poderes.
Além das implicações políticas diretas, há preocupações de que a mudança poderia ter efeitos adversos nas relações comerciais do México. Empresas e investidores, tanto domésticos quanto internacionais, naturalmente preferem operar em um ambiente onde o sistema judicial é visto como justo e independente. A incerteza criada pela reforma poderia levar a uma diminuição do fluxo de investimentos no país, prejudicando a economia nacional.
A reforma judicial faz parte de um conjunto maior de mudanças que López Obrador tem buscado implementar desde sua eleição. No passado, outras reformas também geraram debates intensos – seja no campo da educação, segurança ou administração pública. Entretanto, esta recente movimentação para reestruturar o judiciário é, talvez, a mais controversa até agora, dado o papel crucial que este poder desempenha na democracia.
Com a reforma agora aprovada pelo Senado, resta ver como será implementada em nível estadual e local. Haverá desafios significativos em termos de logística, regulamentação e infraestrutura para permitir que todo o processo eleitoral funcione de maneira eficiente e justa. Além disso, as reações entre a população geral, especialmente entre os eleitores que agora terão uma nova responsabilidade cívica, serão cruciais para determinar a eficácia e a aceitação da reforma.
O fato de o México ser pioneiro na eleição popular de todos os seus juízes coloca o país sob os holofotes internacionais. As decisões tomadas nos próximos meses, tanto pelos funcionários públicos quanto pela sociedade civil, irão definir não apenas o sucesso dessa reforma, mas também servirão como um exemplo a ser observado por outras nações ao redor do mundo. A capacidade do México de manter a integridade judiciária em meio a estas mudanças será um teste crítico para a democracia do país.