Quando Tércio Borlenghi Junior, CEO da Ambipar, viu sua participação subir para mais de 73% da companhia, o mercado reagiu de forma explosiva: as ações da empresa subiram 857,85% no ano até novembro de 2024.
O salto aconteceu logo depois da divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2024Brasil, que mostrou receita líquida de R$ 2,1 bilhões – crescimento de 79,5% sobre o mesmo período de 2023 – e EBITDA de R$ 515,3 milhões, 37% acima do ano passado.
Segundo o João Arruda, CFO da Ambipar, o "boom" vem principalmente das linhas de negócio de gestão de resíduos e resposta a emergências ambientais, que ganharam contratos críticos tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Projetos de contenção de derramamentos industriais e de coleta de resíduos perigosos foram concluídos em menos de 30 dias, gerando margens superiores à média setorial.
O CFO destacou ainda que o lucro líquido do trimestre foi de R$ 44,5 milhões, 27,9% maior que em 2023, reforçando a consistência da estratégia de diversificação de serviços. "Estamos entregando resultados recorrentes, sem sacrificar a qualidade operacional", afirmou Arruda em entrevista ao E‑Investidor em 14 de novembro de 2024.
Na B3, as ações da Ambipar (código AMBP3) registaram alta de 857,85% no acumulado do ano, colocando a companhia entre as cinco mais valorizadas do mercado brasileiro. O volume de negociação também disparou, sinalizando interesse institucional robusto.
Nos Estados Unidos, a classe “Class A” da Ambipar Emergency Response (ticker AMBI) negociava a US$ 4,95, representando uma valorização de 762% sobre o preço justo estimado pela Morningstar. Mesmo com a volatilidade, analistas apontam que a ação ainda está com desconto frente a concorrentes globais.
Um ponto crítico para investidores foi a evolução da alavancagem. Arruda explicou que a relação net‑debt/EBITDA ajustado caiu para 2,62x no terceiro trimestre, 0,20 ponto abaixo do segundo trimestre. "Nosso plano é chegar a 2,5x até o final de 2026", garantiu o CFO, ressaltando que o fluxo de caixa gerado está sendo destinado prioritariamente à amortização de dívidas.
O conselho também aprovou um programa de recompra de ações que deve totalizar até R$ 150 milhões nos próximos 12 meses, reforçando a confiança dos acionistas na sustentabilidade financeira da empresa.
Em julho de 2024, Borlenghi aumentou sua participação para 122.165.450 ações – 73,135% do capital votante – consolidando ainda mais o controle familiar. Além disso, um fundo de gestão de ativos sob administração de um Trustee asset manager passou a deter 11,89% das ações, segundo comunicado à CVM.
Arruda avaliou esse cenário como "um sinal de confiança na trajetória da Ambipar" e afirmou que a base acionária forte oferece margem para investimentos estratégicos sem depender de empréstimos onerosos.
Olhar para o futuro significa ampliar a presença em mercados onde a demanda por soluções ambientais está crescendo – como setores de energia renovável e mineração nos EUA e no Canadá. A diretoria já anunciou a abertura de um centro de operações em Houston, previsto para o segundo semestre de 2025.
Em termos de inovação, a Ambipar está investindo em tecnologias de monitoramento em tempo real, usando sensores IoT para detectar vazamentos antes que eles se tornem crises. "Tecnologia é a chave para reduzir custos e melhorar a resposta", concluiu o CFO.
Se a empresa mantiver o ritmo de geração de caixa e continuar a desendividar, a expectativa dos analistas é de que o valuation suba ainda mais, fechando 2025 com múltiplos de preço‑lucro que poderiam superar a média do setor.
A valorização de quase 858% tornou as ações menos acessíveis devido ao preço alto, mas ao mesmo tempo cria oportunidade de venda parcial para quem já possui participação, permitindo diversificação de carteira.
O salto vem dos serviços de gestão de resíduos e respostas a emergências ambientais, que fecharam contratos de grande porte no Brasil e nos Estados Unidos, puxando a receita para R$ 2,1 bilhões no terceiro trimestre.
Sim. A relação net‑debt/EBITDA ajustado recuou para 2,62x no Q3 2024, sinalizando progresso rumo à meta de 2,5x até o final de 2026, conforme declarou o CFO João Arruda.
Além do controle familiar de Tércio Borlenghi Junior (73,1% das ações), o Trustee asset manager detém cerca de 11,9%, reforçando a confiança institucional na empresa.
A Ambipar planeja expandir operações nos EUA, lançar novas soluções de monitoramento IoT e continuar a desendividar, o que deve mantê‑la atraente para investidores e pode elevar ainda mais o valuation ao longo do ano.
Comentários
Raif Arantes
É claro que esse salto meteórico das ações da Ambipar não é mero acaso, mas parte de um esquema cuidadosamente arquitetado por poderosos que controlam os bastidores regulatórios e de financiamento. Eles manipulam indicadores de performance como quem mexe em botões de um painel de controle, inflando receitas e EBITDA com contratos “fantasma” de emergência ambiental. Enquanto isso, a mídia celebra o sucesso como se fosse um milagre, ignorando as correntes subterrâneas que alimentam esse crescimento. A verdade está escondida nos detalhes de cada contrato de resposta a derramamentos, que muitas vezes são concedidos a preço de banana para grupos ligados a elites políticas. Não é coincidência que o CEO aumente sua participação exatamente quando a bolsa vibra, consolidando poder e voz no conselho. Esse tipo de jogada revela um padrão de insider trading e manipulação de informações privilegiadas que deve ser investigado a fundo. A realidade é que a Ambipar pode estar sendo usada como fachada para operações de lavagem de capital, aproveitando a capa verde para legitimar fluxos obscuros. O mercado, cego e faminto por lucros, engole a narrativa sem questionar a procedência dos números. Se continuarmos a aceitar esses números sem auditoria independente, estaremos alimentando um ciclo de corrupção institucionalizado.