Corinthians exige troca de VAR para clássico contra o Palmeiras; CBF recusa e chama denúncia de fake news

Corinthians exige troca de VAR para clássico contra o Palmeiras; CBF recusa e chama denúncia de fake news

O Corinthians entrou com um ofício formal na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na manhã de terça-feira, 5 de agosto de 2025, pedindo a imediata substituição do árbitro de vídeo Caio Max Augusto Vieira para o clássico contra o Palmeiras, marcado para quarta-feira, 6 de agosto, às 21h30, no Allianz Parque. A justificativa? Uma suposta ofensa em rede social — "Timão tem que se f*" — atribuída a ele. Mas a CBF, sob a presidência de Ednaldo Rodrigues, não só recusou o pedido como classificou a acusação como "fake news". E não foi a primeira vez.

Um episódio que já aconteceu antes

Em julho de 2024, o Corinthians já havia solicitado uma investigação sobre o mesmo árbitro, após rumores de comentários ofensivos em uma plataforma de streaming. Na época, a CBF analisou os registros digitais e concluiu que a conta que publicou a frase não pertencia a Caio Max Augusto Vieira. O departamento jurídico corintiano, liderado por Marcelo Passos, insiste que há indícios de que o árbitro teria usado um perfil secundário — algo que a CBF nega categoricamente. "Já foi feito, já foi analisado, já foi respondido. Não há base para essa nova reclamação", disse o diretor de arbitragem da entidade, Sandro Meira Ricci, em entrevista à imprensa.

Curiosamente, Vieira já atuou como VAR em dois jogos do Corinthians na temporada de 2025 — contra o Santos (vitória por 1 a 0, em 15 de março) e contra o Vitória (empate em 0 a 0, em 22 de junho). Nenhum dos dois jogos teve reclamação formal de arbitragem. Nada de erros graves. Nada de polêmicas. Apenas silêncio. E agora, no momento mais quente da temporada, surge a acusação.

Palmeiras também protesta — e não é só o Corinthians

Enquanto o Corinthians pede a troca de VAR, o Palmeiras já tinha feito sua própria reclamação. O clube, representado pelo presidente Leila Pereira e pelo diretor de futebol Gustavo Elias, enviou ofício à CBF após o primeiro jogo da eliminatória, disputado em 30 de julho de 2025 na Neo Química Arena. O Palmeiras alega ter sido prejudicado por decisões do árbitro de campo Wilton Pereira Sampaio e da equipe de VAR — que anulou um gol legítimo por impedimento e não marcou uma possível falta no segundo tempo.

A CBF publicou, em 31 de julho, uma análise técnica detalhada confirmando que a decisão de anular o gol foi correta — e que o lance de pênalti não foi um erro. "A equipe de VAR seguiu os protocolos da FIFA. Não houve falha técnica", afirmou o relatório. Mas o Palmeiras não aceitou. E agora, com o jogo de volta no Allianz Parque, a tensão está no auge.

Por que a CBF não muda escalas — mesmo quando o clima explode

A política da CBF é clara: escalas não são alteradas após publicação. Isso vale para árbitros de campo, assistentes e VAR. A regra foi reforçada pelo próprio órgão ao UOL: "A CBF não muda escalas que já foram publicadas." A ideia é preservar a imparcialidade do sistema. Se qualquer clube pudesse pedir troca por "intuição" ou "desconfiança", o sistema entraria em colapso.

Isso não é só questão de burocracia. É questão de ética. Imagine se o Palmeiras exigisse a troca de Anderson Daronco por ter apitado um jogo contra o Flamengo no ano passado. Ou se o Santos pedisse a retirada de um árbitro porque ele nasceu em São Paulo. O futebol brasileiro já viveu isso. E deu errado. Muito errado.

Um VAR que não é o vilão — mas o alvo

Caio Max Augusto Vieira, nascido em Goiás e registrado pela Federação Goiana de Futebol, é um árbitro de carreira sólida, mas pouco conhecido do grande público. Ele não é o tipo de nome que aparece em manchetes. Não tem polêmicas anteriores. Não tem histórico de erros. E, mesmo assim, está no centro de uma tempestade.

Enquanto isso, o Corinthians, representado pelo presidente Augusto Melo, parece estar jogando mais na mídia do que no campo. O clube não participou da reunião da CBF sobre arbitragem para o Campeonato Paulista 2026 — uma decisão que Osmar Stabile, representante do clube, justificou com um simples "Nós..." — e parou. O silêncio diz mais que as palavras.

Quem ganha com essa polêmica?

A resposta é simples: ninguém. A CBF perde credibilidade ao ser vista como alvo de pressão. O Corinthians corre o risco de parecer desesperado. O Palmeiras, que já perdeu a vantagem no primeiro jogo, vê sua campanha envolta em discussões que não têm a ver com futebol. E o torcedor? Ele perde o foco.

O jogo será transmitido pela Rede Globo, Premiere e CBF TV, com expectativa de 43.000 torcedores no Allianz Parque. O gol de Memphis Depay, aos 27 minutos do segundo tempo do primeiro confronto, pode ser o ponto de virada — ou apenas o começo de uma nova guerra.

O que está em jogo além do placar

O Corinthians é campeão da Copa do Brasil de 2023. O Palmeiras é o atual campeão, de 2024. Ambos querem voltar ao topo. Mas o que começou como uma disputa esportiva virou um embate institucional. E isso é perigoso. Porque quando o futebol vira guerra de comunicados, o que fica para trás é o jogo — e o torcedor que só quer ver um bom clássico.

Frequently Asked Questions

Por que a CBF não trocou o VAR mesmo com a acusação de ofensa?

A CBF analisou os registros digitais e confirmou que a conta que publicou a frase ofensiva não pertence a Caio Max Augusto Vieira. A entidade já havia esclarecido isso em 2024, quando o Corinthians fez a mesma reclamação. Sem prova concreta, a política da entidade é manter a escalação para preservar a integridade do sistema arbitral. Mudar por acusações não comprovadas abriria precedente perigoso.

O Corinthians já teve problemas com esse VAR antes?

Não formalmente. Caio Max Augusto Vieira atuou como VAR em dois jogos do Corinthians em 2025 — contra Santos e Vitória — e nenhum deles teve reclamação oficial da diretoria. A CBF aponta que, em ambos os jogos, as decisões foram corretas e não houve contestação técnica. A acusação atual é baseada em supostas mensagens em redes sociais, não em erros de arbitragem.

O Palmeiras também reclamou da arbitragem?

Sim. Após o primeiro jogo, em 30 de julho, o Palmeiras questionou as decisões do árbitro Wilton Pereira Sampaio e da equipe de VAR, especialmente pela anulação de um gol legítimo por impedimento. A CBF publicou análise técnica confirmando que a decisão foi correta. O clube, no entanto, mantém sua insatisfação, o que mostra que a polêmica é recíproca.

Qual é o impacto disso no futuro da arbitragem no Brasil?

Se clubes passarem a exigir trocas de árbitros por acusações não comprovadas, o sistema arbitral perde autoridade. A CBF tem um modelo baseado em imparcialidade e consistência. Ceder a pressões, mesmo que emocionais, pode abrir caminho para manipulações. A resposta da entidade, embora dura, é a única que mantém o sistema vivo — e justo.

Por que o Corinthians não participou da reunião sobre arbitragem da CBF?

O representante do Corinthians, Osmar Stabile, não compareceu à reunião sobre arbitragem para o Campeonato Paulista 2026, com uma declaração cortada: "Nós...". Isso sugere uma postura de desengajamento ou protesto. Ao invés de dialogar, o clube prefere agir por meio de comunicados públicos — o que, na prática, enfraquece sua posição e afasta possíveis soluções construtivas.

O jogo será decidido apenas pelo placar?

Não. O clássico de quarta-feira, 6 de agosto, terá mais de 43 mil torcedores no Allianz Parque, mas também estará sob o olhar da opinião pública. A forma como a CBF lida com a pressão, como os clubes se comportam e como o VAR atua — tudo isso será analisado depois. O vencedor não será só o time que marcar mais gols, mas aquele que souber manter a calma em meio ao caos.